segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Comentários de Obras I

Vestido de Noiva

Cena de "Vestido de Noiva"

Inicialmente chamada de Véu de Noiva, é uma tragédia sobre a memória de Alaíde, uma moça recém-casada que sofre um acidente e é submetida a uma operação de urgência. Na peça, Nelson Rodrigues usou um recurso muito pouco explorado até o momento na dramaturgia brasileira: o flashback Que foi utilizado para mostrar a memória de Alaíde, que se dividia em três planos: a realidade, a memória e a alucinação. Não raro as cenas se repetem com desfechos diferentes, como quando Alaíde mata o noivo no plano da ficção, desejo reprimido por ela na realidade. Se uma peça já confundi e fascina o espectador, imagina na sua estréia em 28 de dezembro de 1943, no teatro Municipal do Rio de Janeiro. Vestido de Noiva foi apontada como a grande realização do Teatro Brasileiro.
A peça é fundamentalmente expressionista, pois grande parte do que se vê em cena constitui projeção do que se passa na mente de Alaíde (personagem principal).



A falecida (1953)
Fernanda Montenegro no longa-metragem de "A falecida"

A peça começa com a protagonista, Zulmira. No primeiro ato, o autor apresenta as relações entre os personagens: Tuninho é o marido desempregado de Zulmira. Zulmira é uma esposa com problemas, que não gosta muito de Tuninho, tanto que nem ao menos quer beijá-lo. Zulmira conhece uma cartomante de pouca confiança mas que Zulmira acredita, tanto é que acredita que sua prima Glorinha fez macumba para que ela ficasse com o nariz entupido.
Uma das inovações de Nelson Rodrigues nessa peça aparece no fim do primeiro ato, quando ele  alude ao câncer de uma maneira cômica, o que não era admitido na época na comédia clássica, afinal, o câncer é uma doença séria que muitas vezes pode ser mortal. O fato é que a partir do momento que o câncer foi mencionado,  o texto quebra  o acordo que vinha propondo até ali, acordo comum às comédias ligeiras – o de não trazer a tona nada de excessivamente desagradável, já que o objetivo é o de divertir o público, sem confundi-lo, sem fazê-lo sofrer.
A peça mostra muitas características da sociedade brasileira presentes naquela época. Nelson Rodrigues coloca a traição como se fosse uma característica quase inevitável da sociedade.

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